Já tinha saudades disto!
Hoje estou como no início do ano, descansada, com uns calções brancos da Primark, t-shirt verde com a frase "It's the journey not the destination" da Tiffosi, as minhas all-star em ganga, com o colar da pérola da família, com a pulseira com mais significado que me deram na vida e com o meu cabelo castanho escuro, solto, um pouco (nem um dedo) abaixo da clavícula, liso e na presença da minha risca ao lado.
Estou sentada no meu grande sofá preto com almofadas brancas e cinzentas para fazer o contraste, desta vez estou sentada mesmo no meio com o computador rosa no colo, não quero estragar a bonita arrumação do local, nem um bocadinho de pó é visível, normalmente não me costumo preocupar muito, mas aprecio ver a sala (que está muitas vezes uma autêntica bagunça por culpa da publicidade que o meu pai deixa espalhada pelo sofá ou pelo chão e pelos brinquedos que a minha irmã deixa por todo lado. A minha mãe tenta a todo o custo livrar-se da "papelada", diz que já está a começar a desistir porque se está a conformar de que nunca vai ter uma sala sem papéis. Ela tenta livrar-se dos brinquedos da minha irmã, mas parece impossível, já que o raio da miúda traz os brinquedos todos de volta para a sala e nunca os arruma (isso já me rendeu uma belas quedas).
Para ser franca, desde que me bloquearam o acesso ilimitado ao computador, eu nunca mais na vida voltei a vir para a sala durante muito tempo. Estou sozinha aqui, gosto disso, as janelas estão abertas, e como tal as cortinas beje de um tecido meio grosso deslizam pelo chão, ora puxadas pelo vento, ora empurradas por ele.
Tinha saudades de estar na minha sala depois de tomar o meu pequeno-almoço de férias (três colheres de cereais integrais com iogurte líquido, geralmente de morango, mas posso variar os sabores como me apetece), nada de correrias, sem preparar a mochila (livros, para que vos quero? Cadernos para que vos levo?), tudo a seu ritmo. Pensei até em ir ver a "Dancin' Days" (já não vejo novelas há séculos), mas também deu-me preguiça de interagir pela primeira vez com os serviços da televisão da Vodafone.
No entanto está tudo perfeito, eu, sozinha, aqui sentada e a escrever este post, adoro a sensação de saber que não tenho ninguém por perto, gosto de ter a breve e falsa sensação de ser independente e viver sozinha.
Toda esta coisa só para dizer apenas sete, simples palavras: já tinha saudades da minha velha rotina!