Eu afastei-me de tudo e de todos...
Olá! Sim, hoje venho sem estrangeirismos esquisitos que nem sequer foram adotados pela língua oficial, mas apenas por mim.
Não aparecia por estas bandas há 10 dias porque... honestamente é algo que até eu tenho alguma dificuldade de responder. Há muitas coisas a acontecer, eu já não escrevia da mesma maneira e tudo era mais do mesmo, toda a gente sabe disso e só não se deu conta disso quem não quis.
Ando doente, não só físicamente, mas talvez também mentalmente, aliás eu não ando doente, eu não estou doente, provavelmente eu sou doente.
Todos me dizem que é da adolescência, das hormonas, da gravidez e outros ainda dizem que é só uma fase, mas não é, e o pior é que eles sabem. Não é porque ando assim que a culpa é da adolescência, não podem culpar aquela que devia ser a melhor altura da minha vida por todos os males que por ela passo. Hormonas é só uma desculpa clássica que toda a gente inventa para explicar factos inexplicáveis. Gravidez? Mas que gravidez malta? Não existe gravidez nenhuma, mas eu já nem ligo, limito-me a assentir e que cada um acredite no que quiser. Uma fase? Desde que me lembro, cerca de 10 anos com a mesma fase? Acho que é demasiado tempo para apenas ser uma "pequena fase".
Eu afastei-me de todos por uma simples razão que vai ser algo muito triste de admitir. Eu não gosto de mim. Pode soar mal e ser triste, mas a verdade é essa, aqui está ela nua e crua, há espera que lhe deia uma hipótese de também ela poder intervir. Toda a gente me faz soar melhor que o que eu realmente sou, são amigas a dizerem que são fantástica, colegas a dizer que adoravam ter o que eu tenho e ser como eu, os meus pais a dizer que eu sou um orgulho, e por fim há as leitoras e os leitores que comentam os meus posts. Falam de mim como se eu fosse uma pessoa espantosa, mas não sou, aquela pessoa não sou eu. Eu não sou a pessoa genuína, filosófica e inspiradora que toda a gente pinta, não sou a pessoa que fala tão bem como todos dizem, ou talvez seja, porque visto que é esse o retrato que idealizam de mim.
Eu sou um ser humano detestável, todos dizem que sou boa pessoa e que se o que estou a fazer e o que fiz é para o bem dos demais, mas não. Sou a "boa da fita" até quando começo a ser a vilã da história. Não há heróis, e como tal eu não sou uma heroína, aquela que todos querem e conseguem ver, não fui, não sou, e nunca serei.
O que me estão a "pedir-me" para fazer é horrível e digno de um ser verdadeiramente detestável. O que lhes falta é compreensão e também alguém que lhes diga "Parem! Ela não é uma heroína, ela tem 13 anos! Ela não é a Tris, nem a Katniss, nem a Cassie, ela é apenas ela!". Nunca tentaram por-se no meu lugar e compreender que eu nunca pedi nada disto, que a única coisa que queria era ter os meus amigos de volta, assim como a minha antiga vida, e também queria apenas que os jogos de manipulação e esta guerra fria acabassem, que não fosse necessário fazer o que estamos a fazer agora!
Eu sei que para quem viu os "The Hunger Games" eu pareço a Katniss a falar, neste caso a escrever, mas é verdade o que está a acontecer na minha vida! Eu sempre pensei que os filmes fossem filmes e que fossem situações impraticáveis por seres ditos "comuns", sem qualquer importância para os que estão no topo da pirâmide, mas enganei-me.
Eu vou precisar de continuar e eu vou lutar e recuperar tudo outra vez, por todos os que têm de ser livres de pensar e fazerem o que querem sem serem completamente manipulados. Mas custa demasiado, eu não consigo assimilar a ideia de que vou fazer algo que vai prejudicar uma pessoa da mesma forma que me prejudicou a mim. Sinto-me hipócrita ao partilhar isto com toda a gente e mesmo assim continuar a fazê-lo. O pior é que sei que vou voltar a levar uma facada nas costas, não são aqueles que estão de acordo com a luta que são meus amigos, eles manipulam-me e eu sou uma espécie de "arma" a favor. Sou uma peça mais no meio disto tudo. Uma nuvem mais no céu. Uma onda mais no mar. Uma gota de chuva no piso encharcado. Um raio de sol no meio de tantos. Uma miúda no meio de tantas. Eu sinto isso, os meus olhos já não brilham tanto como antes, assim como o sorriso já não é tão sincero.
O meu nome é Isabela Oliveira, tenho 13 anos, vivo em Portugal. Tiraram-me tudo, mas eu ainda estou de pé, apesar de estar quase a cair, de já estar de joelhos dobrados e completamente desorientada, eu estou de pé.