#1 Crónicas de uma irmã mais velha
Quando te voltas para a tua irmã e te perguntas "Nós somos mesmo irmãs ou foi engano?".
-Rafaela, para sabermos o complemento direto que pergunta fazemos ao verbo?
-Nenhuma, os verbos não falam!
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Quando te voltas para a tua irmã e te perguntas "Nós somos mesmo irmãs ou foi engano?".
-Rafaela, para sabermos o complemento direto que pergunta fazemos ao verbo?
-Nenhuma, os verbos não falam!
É ter que andar sempre a escondermo-nos enquanto mandamos mensagens às nossas cunhadinhas, caso contrário, elas lêem tudo!
Felizmente, eu tenho um pai que é contra gente bisbilhoteira e já a avisou do castigo existente se ela voltar a fazer reportagens sobre as minhas mensagens!
Hoje faz nove anos que o ser loirinho de olhos cinzentos/azuis/verdes nasceu. Parece que ontem ela era apenas aquele ser loirinho de olhos lindos que parecia um bulldog e que chorava e se abanava como um passarinho mal acordava.
Lembro-me da minha mãe com um barrigão enorme, durante a gravidez ela fazia muitos trabalhos manuais, bordados, colagens, lembro-me dessas pequenas coisas. Não me lembro exatamente do dia em que a minha irmã nasceu, no entanto, lembro-me de estar muito ansiosa.
A minha mãe sentiu uma dor pela hora do lanche, então o meu levou-a ao hospital, mandaram-na para casa, ela jantou e aí ela teve mesmo que ir, lembro-me que eu fui calçar os sapatos para ir com eles, porém eles não autorizaram e eu fiquei com a minha avó paterna.
Os dias sem a minha mãe lá em casa foram um inferno, eu sempre fui muito próxima ao meu pai, mas ele não me sabia pentear, e eu queria a minh mãe de volta.
Lembro-me de quando conheci aquela bebé linda, eu estava mesmo feliz, lembro-me de lhe pegar ao colo, tão pequenina...
Hoje dei-me conta que o tempo passa, ela tem nove anos, é finalista na primária... e o tempo passou por nós como por milésimas de segundo...
Por isso, parabéns à criancinha loirinha e linda, doida varrida e chata da mana!
Hoje pela manhãzinha senti a pior sensação de sempre, cheguei a entrar em choque, não me mexia, quase chorava.
Estou acordada desde as 06:30 da manhã e apesar de querer voltar a dormir outra vez, não consigo, especialmente porque quando fecho os olhos vejo aquela imagem: a imagem da minha irmã a cair da cama e eu não poder fazer nada. Estou a tentar esquecer, mas mal olho para ela, o estado em que se encontra relembra-me que se eu tivesse tido mais cuidado, se eu a tivesse puxado, se eu tivesse reagido mais depressa ela não estava assim.
Ela caiu por volta destas horas, eu estava acordada e quase a adormecer quando sinto o lençol ser puxado, olho para o lado e só a vejo cair e chorar a seguir, fiquei desesperada, tentei ligar a luz, mas não dava com o interruptor. A minha mãe chega a correr ao quarto, vai ter com ela, eu fico em cima da cama, a olhar para ela e a pensar num mau cenário, já que ela é extreamamente frágil, e não é exagero.
A minha mãe olha para ela e é aí que uma das minhas maiores preocupações se realiza, ela começou a sangrar, eu fiquei em choque, quando ela rachou a testa fui eu que soube agir, mas no momento eu não fiz nada, a minha mãe encarregou-se disso.
Fiquei com medo que fosse alguma coisa num olho, mas não, no meio do mal todo, houve uma coisa boa, foi na sobrancelha e no queixo, e é lá que as marcas estão com o sangue milagrosamente estancado e seco, já que não tínhamos nada para fazer o curativo (eu percebo destas coisas, da testa fui eu que lhe lavei e desinfetei, mas ela teve mesmo que ir ao hospital), a minha mãe foi para a beira dela, o sangue não estancava, eu fiquei no quarto deles com o meu pai, e deixei escapar lágrimas, nunca mais conseguimos dormir.
Ela está sorridente, está a jogar consola, o essencial é que ela não adormeça nas próximas horas, para todos os efeitos foi um traumatismo craniano, é preciso ter atenção. Tento não me culpar, como disse o meu pai "Foi um acidente, ninguém tem culpa, tu não podias ter feito nada!", mas é inevitável mal olho para ela, a sobrancelha esquerda e loirinha está vermelha e o queixo com marcas de sangue.
Estou a morrer de sono, já me levantei, tomei o pequeno-almoço, estou arranjada e pronta para sair, mas não consigo dormir, tenho medo que a qualquer momento as coisas com ela deiam para o torto, dá-me logo ansiedade.
Mas há que pensar que ela está e vai ficar sempre bem, está tudo bem, ela não vai precisar de ir a Castro, ela vai ficar bem, já não chora, ri, joga consola, faz a festa, lança os foguetes e apanha as canas.
Por último queria comunicar às mães do Sapo Blogs que percebo finalmente a angústia, e queria perguntar se sabem alguma coisa sobre isto por experiência própria, e se sim, se lhe pode acontecer alguma coisa muito má.
Por último peço desculpas por ter vindo aqui descarregar o problema, mas eu não aguento a angústia, e quiçá, vocês não haja ninguém que está a passar ou já passou pelo mesmo.
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